Na véspera da votação de ontem, Lira apostava que Mendonça passaria com facilidade na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), mas sofreria um revés no plenário. Embora achasse que Alcolumbre deveria ter postergado e marcado a sabatina para o ano que vem, o presidente da Câmara mantinha a confiança na derrota do ex-ministro do presidente Jair Bolsonaro.

Lira foi um dos principais difusores no Congresso da ideia de que Mendonça era um lava-jatista. Ontem, o agora novo ministro do STF teve que dedicar boa parte da sua apresentação expondo posicionamentos contrários aos da operação – se opôs, por exemplo, à prisão após condenação em segunda instância e disse que “delação não é acusação”.

 

Nos últimos 45 dias, Lira tem experimentado derrotas pouco comuns ao poderio que acumulou desde que assumiu a presidência da Câmara. Em outubro, assistiu ao plenário da Câmara derrotar a proposta de aumento do controle externo do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), projeto que defendeu com unhas e dentes nos bastidores. Em novembro, a ministra Rosa Weber suspendeu os pagamentos do chamado “orçamento secreto”, instrumento usado por Lira e o Planalto para arregimentar apoio na base governista.